segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Duas uma.

- E se eu escolhi o errado?
- E se você não tivesse tentado?
- E se mudar tudo?
- E se melhorar...?
- E se eu tiver que começar do zero?
- E se não precisar?
- Tenho medo...
- Eu sei...
- Vai ficar tudo bem?
- Vai sim...
- Mas pra garantir eu rezei hoje pela manhã, a tarde e antes de dormir... tudo bem?
- Tudo bem, meu amor, tudo bem. Promete melhorar e levantar a cabeça?
- Mas eu ainda estou insegura...
- Dorme bem, minha flor.


sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Fidelityº°



"Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências...
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.
E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer...
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!”

Vinícius de Moraes

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Para que serve a utopia?


A utopia está no horizonte.
E eu sei muito bem que nunca alcançarei, que se eu caminho 10 passos ela se distanciará 10 passos. Que quanto mais eu a procure, menos a encontrarei porque ela vai se distanciando, quando eu me aproximo.
Boa pergunta não? Para que serve?
Pois a utopia serve para isso: PARA CAMINHAR.

Fernando Birri e Eduardo Galeano, Cartagena das Índias.



Direito ao Delírio (Eduardo Galeano)

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Decadence avec Elegance ♫


Certo dia acordei em Paris, na Champs-Élysées. 
Encontrava-me sentada, apreciando um bom café enquanto observava as pessoas. La plus belle avenue du monde, pensava eu, serena.
Em meio a movimentada e bela avenida, uma mulher me chamou a atenção. Vestido nude, meias finas, pérolas, Vuitton e na mão direita, um Gitanes. Nariz pra cima, coluna ereta, puro charme... [E se tem alguma coisa que admiro é o charme e a elegância das pessoas. Sem distinção, homem ou mulher. Alguns dizem que é nato, e eu concordo com eles.]
Comecei a prestar atenção...
Assim como eu, ela parecia não ser dali, aérea, compenetrada nos seus pensamentos, tinha seus 40 anos, olhava pra o horizonte, e não notava ninguém. 
Tomei mais um gole do meu café, notei que tava um pouco frio e fiquei triste (não gosto de café frio). Chamei o garçom, queria outro, bem quente.
Quando me voltei ao ambiente, ela havia sumido. 
Quando me dei conta, a Madame estava ao meu lado. " - S'il vous plaît...", disse ela, e sentou-se ao meu lado.
Por mais incrível que parecesse, eu conseguia me comunicar com ela, e assim, aproveitei o momento e nós conversamos por horas. 
Eu não acreditava. Eu estava na França, tomando um café quente (que não mais esfriava), conversando com alguém que eu não sabia o nome, nem em que língua conversávamos... French? Maybe.
Contou-me sua vida até o presente  momento. Parecia cinema, um drama. Fantastique. 
E no ápice da conversa, olhos arregalados de euforia, eu perguntei: " - Porque está me contando tudo isso?"
[Riso irônico] Ela olhou para o horizonte, admirando-o, enquanto eu a contemplava, tão firme em sua elegância, tomando mais um gole de café. 
Passados logos minutos de espera, e para minha surpresa ela responde: "- Eu?"






Acordei.









terça-feira, 31 de julho de 2012

E quem chegar perto pega fogo.


"Um homem da aldeia de Neguá, no litoral da Colômbia, conseguiu subir 
aos céus. Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado, lá do alto, a vida 
humana. E disse que somos um mar de fogueirinhas.
—  O mundo é isso —  revelou —.  Um montão de gente,  um mar de 
fogueirinhas.
Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não existem 
duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras 
de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de 
fogo louco, que enche o ar de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam nem 
queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível 
olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto pega fogo."

Eduardo Galeano, em O Livro dos Abraços.

domingo, 1 de abril de 2012



O amor não é prosa e nem poesia. Aquelas três palavras não me servem. São sonetos sem pele, versos que não ressoam, metáforas que não suam, frases que não cheiram. “Eu te amo” não diz nada, entende? Não escreva o que sentiria se acordasse comigo. Acorde comigo. Não imagine meu cheiro. Me cheire. Não fantasie meus gemidos. Me faça gemer. O amor só existe enquanto amar. Ação. Calor. Verbo. Presença. Milímetros. Hálito. — (Gabito Nunes)



sexta-feira, 2 de março de 2012

Mudanças


"Ninguém entra num mesmo rio uma segunda vez, mas quando isso acontece já não se é o mesmo, assim como as águas que já serão outras... O fluxo eterno das coisas, é a própria essência do mundo. -  Heráclito de Éfeso (Filósofo Grego Séc. V a.C)
E se ainda hoje ficamos espantados com isso é por que nos apegamos teimosamente ao que já passou, esperando no fundo que tudo permaneça igual... então é necessário um filósofo da antiguidade, ou um escritor contemporâneo para nos fazer entender que nada é permanente a não ser a mudança...
Um trecho dO Grande Sertão, onde o Guimarães Rosa fala um pouco sobre isso diz: O mais importante do mundo é isto, que as pessoas não são sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando, afinam ou desafinam, verdade maior, é o que a vida me ensinou.(...)o mais bonito da vida...
É uma celebração do movimento, não é um lamento... O tempo não pára e isso é belo.

Então semana que vem nós nos encontraremos aqui e eu serei outro e vocês também..."


quarta-feira, 4 de janeiro de 2012



Torna-se criança novamente,
dá seus primeiros passos e investe em novos planos. 
É o reverso: do velho ao novo em apenas algumas horas...
A magia do recomeço, da renovação de sonhos,
da revitalização do ser...
Exagerada análise, mas que convém ao momento...

Feliz Ano Novo,

Caminhem eufóricos
em direção aos sonhos.







Créditos da foto: @Sarahcarneiro